Espaço das Leituras

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vida e Obra de Padre António Vieira

           António Vieira nasceu em Lisboa, a 6 de Fevereiro de 1608 e morreu na Baía, no Brasil, a 18 de Julho de 1697. Foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política e Oratória. Destacando-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu incansavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravidão. Era por eles chamado de "Paiaçu" – Grande Padre.
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
António Vieira chegou à Baía com seis anos de idade, onde fez os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas em Salvador. Apesar das dificuldades iniciais, veio a tornar-se um brilhante aluno.
Em 1624, na invasão holandesa de Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde iniciou a sua vocação missionária. Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência. Prosseguiu os seus estudos em Teologia, tendo estudado ainda Lógica, Metafísica e Matemática, obtendo o mestrado em Artes. Foi professor de Retórica em Olinda, ordenando-se sacerdote em 1634. Nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador.
Após a Restauração da Independência (1640), em 1641 regressou a Lisboa iniciando uma carreira diplomática, pois integrava a missão que ia ao Reino prestar obediência ao novo monarca. Sobressaindo pela vivacidade de espírito e como orador, conquistou a amizade e a confiança de João IV de Portugal, sendo por ele nomeado pregador régio.
Em Portugal havia quem não gostasse das suas pregações em favor dos judeus. Após tempos difíceis, acabou por voltar ao Brasil, missionário no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios.
Em 1654, pouco depois de proferir o célebre "Sermão de Santo António aos Peixes" em São Luís, no Estado do Maranhão, o padre António Vieira partiu para Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio da Companhia de Comércio, carregado de açúcar. Tinha como missão defender junto ao monarca os direitos dos indígenas escravizados, contra a cobiça dos colonos portugueses. Após cerca de dois meses de viagem, já à vista da ilha do Corvo, a Oeste dos Açores, abateu-se sobre a embarcação uma violenta tempestade. Após atravessar nova tempestade, o religioso chegou finalmente ao destino, em Novembro de 1654.
Voltou para a Europa com a morte de D. João IV, tornando-se confessor da Regente, D. Luísa de Gusmão. Abraçou a profecia sebastianina e por isso entrou de novo em conflito com a Inquisição que o acusou de heresia com base numa carta de 1659 ao bispo do Japão, na qual expunha sua teoria do Quinto Império, segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser a cabeça de um grande império do futuro. Foi expulso de Lisboa, desterrado e encarcerado no Porto e depois encarcerado em Coimbra, enquanto os jesuítas perdiam os seus privilégios. Em 1667 foi condenado a internamento e proibido de pregar, mas, seis meses depois, a pena foi anulada. Com a regência de D. Pedro, futuro D. Pedro II de Portugal, recuperou o valimento.

            Seguiu para Roma, de 1669 a 1675. Encontrou o Papa às portas da morte, mas deslumbrou a Cúria com seus discursos e sermões. Com apoios poderosos, renovou a luta contra a Inquisição, cuja actuação considerava nefasta para o equilíbrio da sociedade portuguesa.

Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado. Quando, em 1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu. Mas o Príncipe Regente passara a protector do Santo Ofício e recebeu-o friamente. Em 1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos.
            Decidiu voltar outra vez para o Brasil, em 1681. Dedicou-se à tarefa de continuar a coligir os seus escritos, visando à edição completa em 16 volumes dos seus Sermões. As suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição. Em 1694, já não conseguia escrever de próprio punho. Em 10 de Junho começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se seus discursos. Morre a 18 de Julho de 1697, com 89 anos.
            Deixou uma obra complexa que exprime as suas opiniões políticas, sendo não propriamente um escritor e sim um orador. Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, um livro de profecias que nunca concluiu. Entre os inúmeros sermões, alguns dos mais célebres: o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros.

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