Espaço das Leituras

Espaço das Leituras


Margarida Rebelo Pinto - Pequenos Gestos

Não nasci com asas, mas o céu já era meu quando virava a cabeça e o avistava por entre as árvores. A minha mãe diz que aprendi a subir às árvores mesmo antes de começar a andar: ainda gatinhava quando os meus pais apanharam o primeiro susto. Eu subia às árvores com a minha irmã Matilde, ficávamos horas e horas escondidos lá em cima a espiar o mundo, enquanto os outros miúdos tentavam subir ou se conformavam em trepar árvores mais baixas.
Gostávamos de nos pendurar nos ramos e de ficar a balançar para a frente e para trás como se fosse um trapézio. Por vezes saltávamos de uns ramos para os outros, tal e qual como faziam os macacos que vinham ao nosso terreno roubar fruta das árvores.
Eu perseguia-os por entre os ramos e eles pareciam rir-se na minha cara. Ou talvez pensassem que eu era um macaco como eles, apenas de uma espécie diferente, da espécie que usa calções vai à escola.
O meu pai lia muito, ao serão, depois do jantar. Romances e livros de filosofia. A filosofia sempre foi a sua paixão. A filosofia e o mar. De manhã cedo, via-o a sair para praia com a prancha de surf debaixo dos braços. Durante as férias ao aos fins de semana ia com ele, e foi assim que aprendi a fazer surf ao mesmo tempo que coleccionava letras e números.
O mar e o céu vivem de mãos dadas no horizonte. São como siameses que o universo separou para que a terra pudesse existir. Sou mais feliz dentro de água ou acima da terra, e por isso decidi, no cimo das árvores que um dia ia ser piloto e sobrevoar o Mundo. Sempre quis viajar, conhecer todos os continentes, aprender várias línguas, viver em muitas cidades até descobrir um lugar perfeito onde o mar e o céu se encontrem sempre com o meu olhar. Uma terra tranquila sem guerras e com sol, um segredo escondido que não venha em nenhum mapa e onde não tropece em turistas de chinelos caros e chapéus de palhaço rico.
O que eu nunca pensei, minha pequena fada que me esperas ao final da tarde numa casa branca cujas janelas se encontram com o horizonte em que ao siameses se juntam, é que posso voar em terra e mergulhar nas ondas sempre que te vejo, posso chegar ao céu sem ligar os reactores e deslizar sobre as águas com a perfeição dos pequenos gestos.
Não sei se é a isto que os deuses chamavam amor, mas cada vez que chego e tu me abres o portão para me deixar entrar no teu corpo e no teu coração, sinto que todos os elementos estão sob o mesmo tecto. O teu corpo é como uma concha, o teu olhar como um rio; os teus braços uma ilha e o teu peito a minha casa.
Não sei de que é feito o amor, nunca descobri o seu segredo, mas sei que ando lá perto, que perto de ti, nos mais pequenos gestos, há uma espécie de amor que transpira no ar e transborda como uma onda e que me atira para aquele lugar perfeito que só existe no meu coração.






À Primeira Vista - Nicholas Sparks


Até que ponto nos conhecemos a nós próprios e àqueles que amamos?

Jeremy Marsh nunca teria imaginado que alguma vez viesse a deixar Nova Iorque, a sua família e os seus amigos para mudar-se para Boone Creek, uma pequena vila do Sul dos Estados Unidos. Mas se Jeremy aprendeu algo durante o curto espaço de tempo passado nesta localidade é que há coisas para as quais não é possível encontrar explicação. Como estar a alguns meses de se tornar pai, quando a própria ciência inviabilizava esta opção. Ou como estar a ainda menos a meses de casar com Lexie, apesar de a ter conhecido há tão pouco tempo. Para estas duas pessoas que ainda lutam para se adaptarem uma à outra, tamanhas mudanças vão constituir uma fonte de crescentes tensões, capazes de pôr à prova os sentimentos que ambos nutrem pelo outro. Quando simultaneamente Jeremy recebe uns misteriosos e-mails que sugerem que ele não conhece Lexie tão bem como deveria e que ela lhe anda a ocultar aspectos da sua vida, sente-se vacilar. Será ela aquilo que parece à primeira vista? Mas o verdadeiro desafio à fé no amor de ambos ainda está para vir? Um livro de grande impacto emocional sobre confiança, novos começos e um amor infinito que constantemente redefine o nosso modo de encarar a vida e de ultrapassar os obstáculos que esta nos reserva.